sábado, 1 de junho de 2013

Laços de Pensamento

Oi,
Primeiramente gostaria de justificar minha demora em escrever (e depois em postar). A razão é simples: não quis escrever nada antes de terminar a leitura. E como eu escrevi no trem, acabei esquecendo de publicar. Rsrs.
LISPECTOR, Clarice; Laços de Família
Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Para ser sincero, Clarice Lispector é a segunda ou a terceira escritora mulher que leio. E como sou homem, tente ver como foi difícil desbravar o mundo da mente feminina, que a autora nos abre em alguns contos. Já não é fácil compreender os devaneios de uma rapariga, quanto mais de uma rapariga embriagada.

Talvez o que tenha atrapalhado a minha compreensão do primeiro conto tenha sido a mudança do gênero. Há pouco mais de uma semana terminei de ler um livro poético. O conto, porém, é outra delícia. Ele traz em si a liberdade da prosa, sem a preocupação em ser um romance. Com um toque de metalinguagem torna-se uma leitura relaxante e surpreendente.

É muito interessante, também, a temática escolhida pela autora. Ela fala de temas universais (como dinheiro, amor, medo...) por quase todo o livro. Também não deixa de fora temas como relacionamento familiar, preconceito, violência, inclusão social. Até mesmo os animais estão presentes, são personagens em três dos treze contos.

Disse por alto que Clarice abre o mundo da mente, mas quero comentar. Ela escreve como se pensa. A escrita dela flui como as ideias. Ela insere memórias e notas explicativas no meio dos parágrafos de uma forma que a linha de raciocínio não se perca. É tão envolvente que creio ser possível muitos leitores de ônibus terem passado do ponto e só perceberem isso quando Ana (do conto Amor) os avisou. Ou ficaram tão curiosos (ou mais) quanto o narrador do conto Jantar.

Guia de leitura: conversei com uma professora sobre o livro. Ela me disse que está lendo um outro da mesma autora, mas ela lê um conto por noite, antes de dormir. Lendo os contos em "conta-gotas", ela consegue refletir sobre a história, degustar cada sabor escondido. Como é um livro engajado, acredito que ler com um amigo e discutir impressões pode ser uma experiência bem produtiva.

Bom, por enquanto é só. Uma boa leitura a todos.

Um abraço,
Yuri

 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A vida em versos

GONZAGA, Tomás Antônio; Marília de Dirceu.
Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997.
Olá,

Estou fazendo as leituras obrigatrórias para o vestibular UEM e hoje terminei de ler Marília de Dirceu.

E "Wow!". É isso que a gente sente quando lê uma realidade. Uma mistura de sentimentos. Alegria, surpresa, tristeza, esperança, frustração. A vida é assim.

E Marília de Dirceu retrata a vida. A vida de um homem engajado. Tomás Antônio Gonzaga escreveu sobre si mesmo. É claro, ele usa o pseudônimo de Dirceu como eu-lírico. Mas retratou sua realidade, seus sentimentos (creio). Ele foi um revolucionário. Um homem político. Um pensador.

Mas sobretudo um amante. Um amante devoto na maior parte do livro. Digo isso sem me aprofundar, pois não quero escrever um spoiler (contar o fim da história). Se é que seja possível, afinal, a vida real só termina com a morte. E a própria morte ninguém retrata.

Minhas impressões e um guia de leitura: vença a tentação de pesquisar sobre o autor antes de fazer a leitura! Pelo contrário, deixe-o contar a própria história. Leia o livro fazendo perguntas: Marília o ama? Ele se casará com ela? Porque ele foi preso? Sairá da prisão vivo? Depois de criar várias hipóteses, pesquise sobre a vida dele e confirme se você estava certo (ou não).

Obs.: Um detalhe a se notar é a mudança de estilo quando ele entra em contato com a cultura estrangeira.

SPOILER (não resisti a comentar o fim da história, mas só leia este trecho se você já leu o livro):

Particularmente achei o livro surpreendente. Comecei achando que a grande questão do livro fosse o amor de Marília. Ledo engano. A reação do poeta ante a solidão é o grande tema central. Seu amor intenso e o medo da musa estar enciumada norteiam a primeira parte. Ele tem cada insight! Por exemplo, a Lira XII: após uma luta em que o eu-lírico mata o Amor (Cupido), Marília o ressuscita; a conclusão: "Enquanto vive//Marília bela//Não morre Amor.".

Na segunda parte podemos ver sua aflição, agonia e solidão quando encarcerado. O medo da morte é extremamente palpável na Lira XXII. Seria por motivo da condenação de Tiradentes, companheiro de conjuração? Cogito. Vejo que o que o motivava a viver era a esperança de estar nos braços de Marília.

Na terceira parte, vemos seu exílio. Sua saudade da amada... Mas, em contrapartida, a alegria de rever a terra mãe, seus parentes e amigos de infância. Vale notar como tais encontros enfraquecem a saudade da amada, agora do outro lado atlântico.

Tomás entra em contato com a poesia portuguesa e começa a escrever em um novo estilo: o soneto. Pelo menos é dessa forma que ele termina o livro. Vemos seu envolvimento com outras mulheres e seu engajamento agora com a política portuguesa. Ele simplesmente se esquece de Marília! Um final triste para o bom romântico.

Bom, foram estas as minhas impressões. Não deixe de listar as suas impressões
comentando abaixo.

Espero que gostem da leitura como eu gostei.

Um abraço a todos,
Yuri

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Marília de Dirceu - convite

Se queres ler poesia
Eu aconselho
De Dirceu, Marília,
Um livro velho.
Mas com tamanha qualidade.
Isso é poesia de verdade.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Prefácio do PosFácio

Olá,

Este é o meu primeiro post neste blog. Confesso que é um grande desafio pra mim esse primeiro passo.
Mas vamos lá.
Bom, gostaria de apresentar as minha intenções com este blog.
Primeiro: eu tenho lido bastante ultimamente, e sinto a necessidade de compartilhar as impressões que tenho de cada livro. Existe cada coisa incrível na literatura...
Mas não vou escrever apenas resenhas. Outra vontade que tenho é compartilhar pensamentos, poesias, ideias filosóficas. Afinal, pensar é muito bom.. rs
Não quero que este blog seja um lugar desagradável. Quando você lê, tenho certeza, você busca sempre estar da maneira mais confortável. Pelo menos é assim comigo. Eu gostaria que esse blog fosse como a sua cama, como uma rede em uma varanda, um parque gramado, ou mesmo o balançar do ônibus ao voltar para casa, quando a gente se desliga de tudo.
Mas para ser aconchegante assim, peço a tua ajuda. Por favor, deixe nos comentários a sua opinião sobre os livros, os textos, sugestões de obras... Críticas [educadas] e elogios [sinceros] são sempre bem vindos.
Ah, sim. O título. Escolhi posfácio por que, creio, seja um termo que reflita bem as minhas intenções: Refletir após a leitura, discutir os pontos fortes e os fracos, compartilhar cenas interessantes. Como uma sobremesa após o almoço.

Dito isso, sejam todos bem-vindos.
E boa leitura.

Um abraço,
Yuri