segunda-feira, 20 de maio de 2013

A vida em versos

GONZAGA, Tomás Antônio; Marília de Dirceu.
Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997.
Olá,

Estou fazendo as leituras obrigatrórias para o vestibular UEM e hoje terminei de ler Marília de Dirceu.

E "Wow!". É isso que a gente sente quando lê uma realidade. Uma mistura de sentimentos. Alegria, surpresa, tristeza, esperança, frustração. A vida é assim.

E Marília de Dirceu retrata a vida. A vida de um homem engajado. Tomás Antônio Gonzaga escreveu sobre si mesmo. É claro, ele usa o pseudônimo de Dirceu como eu-lírico. Mas retratou sua realidade, seus sentimentos (creio). Ele foi um revolucionário. Um homem político. Um pensador.

Mas sobretudo um amante. Um amante devoto na maior parte do livro. Digo isso sem me aprofundar, pois não quero escrever um spoiler (contar o fim da história). Se é que seja possível, afinal, a vida real só termina com a morte. E a própria morte ninguém retrata.

Minhas impressões e um guia de leitura: vença a tentação de pesquisar sobre o autor antes de fazer a leitura! Pelo contrário, deixe-o contar a própria história. Leia o livro fazendo perguntas: Marília o ama? Ele se casará com ela? Porque ele foi preso? Sairá da prisão vivo? Depois de criar várias hipóteses, pesquise sobre a vida dele e confirme se você estava certo (ou não).

Obs.: Um detalhe a se notar é a mudança de estilo quando ele entra em contato com a cultura estrangeira.

SPOILER (não resisti a comentar o fim da história, mas só leia este trecho se você já leu o livro):

Particularmente achei o livro surpreendente. Comecei achando que a grande questão do livro fosse o amor de Marília. Ledo engano. A reação do poeta ante a solidão é o grande tema central. Seu amor intenso e o medo da musa estar enciumada norteiam a primeira parte. Ele tem cada insight! Por exemplo, a Lira XII: após uma luta em que o eu-lírico mata o Amor (Cupido), Marília o ressuscita; a conclusão: "Enquanto vive//Marília bela//Não morre Amor.".

Na segunda parte podemos ver sua aflição, agonia e solidão quando encarcerado. O medo da morte é extremamente palpável na Lira XXII. Seria por motivo da condenação de Tiradentes, companheiro de conjuração? Cogito. Vejo que o que o motivava a viver era a esperança de estar nos braços de Marília.

Na terceira parte, vemos seu exílio. Sua saudade da amada... Mas, em contrapartida, a alegria de rever a terra mãe, seus parentes e amigos de infância. Vale notar como tais encontros enfraquecem a saudade da amada, agora do outro lado atlântico.

Tomás entra em contato com a poesia portuguesa e começa a escrever em um novo estilo: o soneto. Pelo menos é dessa forma que ele termina o livro. Vemos seu envolvimento com outras mulheres e seu engajamento agora com a política portuguesa. Ele simplesmente se esquece de Marília! Um final triste para o bom romântico.

Bom, foram estas as minhas impressões. Não deixe de listar as suas impressões
comentando abaixo.

Espero que gostem da leitura como eu gostei.

Um abraço a todos,
Yuri

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